José, Teresa, as filhas e um casal amigo.
Em 1968, voltou a Portugal para comparar a sua vida com a portuguesa. Rapidamente verificou que não era em Portugal que queria estar e que se sentia bem voltando a Moçambique. Por essa altura, o seu marido tinha conseguido já um emprego na polícia.
Perto dos seus 40 anos, Teresa abriu o seu próprio negócio e tornou-se gerente de uma loja onde vendia de tudo um pouco, desde roupa a alimentação. Tinha também alguns empregados.
"Para mim, a maior riqueza não era o dinheiro, nem os meus bens pessoais, mas sim a minha família e os meus amigos.”
Em Moçambique, havia um avanço em relação a Portugal, no que dizia respeito a produtos alimentares, pois grande parte das frutas eram já parafinadas e embaladas. Como se praticava o Apartheid, uma vez, num supermercado de raça negra, foi advertida de que ali não era bem-vinda.
“Eu sabia que existia o Apartheid e sabia o que era e não concordava, porque participava em movimentos e campanhas de solidariedade, para favorecer os mais necessitados, só que ali não era de facto bem-vinda.”
Mais tarde, Teresa quis matricular as filhas na universidade, para que elas pudessem concluir os estudos. Mas era preciso que já tivessem feito trabalhos cívicos coisa que elas não tinham feito. Portanto, para que as suas filhas pudessem concluir os estudos, em Outubro de 1976, Teresa e José regressaram definitivamente a Portugal.
José e Teresa com um casal amigo.
Hoje em dia, já com as filhas adultas, Teresa e José não levam o mesmo modo de vida que tinham em África. José tem muita dificuldade em esquecer o passado, pois foi em Moçambique que viveu os anos mais felizes da sua vida.
“Eu já não penso nisso, pois vivo o presente e não o passado, mas as minhas filhas andam num psicólogo e o meu marido num psiquiatra, pois têm muita dificuldade em esquecer tudo o que se passou”.
Ivan Dias