terça-feira, 9 de junho de 2009

A Salto

É aqui que começa a história do meu avô paterno, Manuel dos Santos Lopes da Silva. Tal como muitos portugueses, o meu avô emigrou, nos anos 60, para França. Em Março de 1964, decidiu ir a salto, pagando, segundo a minha avó, 30 contos ao passador (guia), homem que ajudava, a troco de uma remuneração, os outros a passar a fronteira. A minha avó lembra-se que ele dizia que os que iam a “salto” eram os “índios”, porque tentavam emigrar, de uma forma clandestina.O meu avô e mais alguns amigos foram de táxi com o senhor António Ramalho, até à fronteira de Vila Formoso. Aí, fizeram o pagamento a um guia espanhol que os esperava e foram a pé, pela calada da noite, correndo riscos não só materiais como físicos.O grupo tinha de 20 homens e 1 mulher, que acompanhava o marido. Em Espanha, estiveram 3 dias fechados num palheiro, onde não podiam fazer barulho e a alimentação escasseava.Finalmente, chegaram à fronteira de França. Já nos Pirenéus, permaneceram 8 dias num casebre, cheio de pulgas. Em França, trabalhou na construção civil. Durante 25 anos, percorreu várias cidades e vilas de França (Paris, Chambery, Grenoble, Remis, Lyon, Alpes Doesse, Deux Alpes…).

O meu avô na construção civil

Fábio Silva

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